quinta-feira, 9 de maio de 2013

O dom de compor não nasceu comigo


O dom de compor não nasceu comigo
Parece castigo
Sempre ter algo a dizer
Sempre um querer divagar
Sempre algo

Parece imã invertido
que se separa ao se encontrar
quando o desejo vem, a palavra afasta
e o som que sai é ruído
entalado na garganta pronto para cantar
um desabafo, um sussurro ao pé do ouvido

Uma declaração disfarçada em compassos
que em passos tortos de uma dança sem ritmo
tropeça na ponta do lápis, e foge do papel

O dom de compor não nasceu comigo
Está no coração de amantes embriagados
na fantasia de infelizes, em poetas delirantes
no maestro soberano

Mas não posso reclamar
por mais que o dom de compor não tenha nascido comigo
agradeço pelo outro dom que me restou – o ouvido.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Você tem um e-mail não lido


Não sei por qual motivo, mas resolvi dar uma geral nos meus e-mails e fazer uma limpa. Dos mais atuais aos mais antigos, cheguei até 2004.

Aqui, vamos nos ater ao que interessa, aos e-mails com um único assunto: RELACIONAMENTO.

Achei de tudo nas mensagens: amor; ódio; ingenuidade; desilusão; indecisão; descobertas; exageros; hipérboles e ironias; jogo; e claro, consequências. Neste túnel do tempo, descobri algumas coisas:

1)   JÁ FUI UM CARA MAIS APAIXONADO E ROMÂNTICO DO QUE SOU HOJE
(diz a lenda que depois de cair a gente levanta mais forte, e se policia para não cometer os mesmos “erros”)

2)   JÁ GOSTEI DE VERDADE DE MAIS GAROTAS DO QUE EU IMAGINAVA
(no fim das contas, minha capacidade de amar é enorme - pena que meu medo de cair de novo também seja)

3)      JÁ FIZ MAL PARA MUITAS GAROTAS COM QUEM ME RELACIONEI
(já fui moleque. Afastei de mim, de propósito ou não, garotas que demonstravam gostar de verdade de quem eu era, e aí aquele tal medo entrava em cena e eu pulava fora)

Verdade é que, queira ou não, fica uma pontinha de curiosidade para saber se aquele último e-mail trocado tivesse outro final, como seria ele.

Mas com o tempo a gente aprende (ou pelo menos pensa que aprendeu).

Entre memórias, nostalgia e aprendizado, acredito que nada foi por acaso e, a cada e-mail trocado, vinham as memórias daquela época, que no fim das contas foram fundamentais para construir a experiência tão difícil (e sempre inacabada) de relacionar-se com outra pessoa.